Conversando ontem com uma amiga me dei conta de como trabalhar com a arteterapia tem me feito sentir conectada comigo mesma. Meus olhos redescobriram o encantamento e meus pulmões, por vezes, se veem sem ar, diante da empolgação.
Ideias e projetos inteiros borbulham na minha mente implorando para serem executados. Me sinto abundante, fértil!
Meu tropeço tem sido a volatilidade de jardineira errante. Sem paciência! Me esqueci que para criar raízes sólidas as sementes precisam de dias guardadas em segredo no ventre escuro e úmido da terra. Sagradas!
Ando tão apaixonada por meus projetos que me frustro quando, na correria da vida, outros não param, por um segundo que seja, para observá-los e, quem sabe, apaixonarem-se também.
Me pergunto o que Manoel de Barros diria em um caso como esse... Acho que ele me lembraria que nem todos nascem com o despropósito de amar sementes. E que além disso elas não florescem por ninguém além delas mesmas e do seu impulso interior de desabrochar.
Estou aprendendo a floreScER para encher meus próprios olhos e meu coração.
Enquanto for possível tocar, e trocar, com uma pessoa que seja, o meu trabalho valerá a pena. Nem que, por vezes, essa pessoa seja apenas eu.
Fotografia Zhong Lin