02-08-2018
Hoje queimei a lasca de palo santo que me destes de lembrança. Seu cheiro espalhou pelo quarto adentrando as minhas narinas saudosas de ti e escorregou direto para o coração.
Dizem que o olfato é o sentido mais primitivo que possuímos, fortemente entrelaçado com a memória, e o meu sem dúvidas te recorda!
O toque amadeirado materializa o ocre dos teus olhos e os cabelos cor de açúcar queimado. O odor de erva me lembra do teu gosto doce, de quem tem coração em ritmo lento, de calmaria. O ardido da fumaça traz a sua coragem de enfrentar o mundo por aquilo em que acredita. Já a sua pele branca salpicada de pintinhas, ganha vida no perfume de coco que emana da madeira. Você é como um doce de festa que une a suavidade do beijinho com a excentricidade do cravo da Índia.
Posso te ver sentado comigo dividindo aquele café sem açúcar enquanto sorri e repõe uma mecha de cabelo rebelde para detrás das minhas orelhas. Antes de o incenso acabar você me abraça...até que só reste a fragrância de fogo morto, ardente como a minha saudade!